O Teatro Anatómico

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quinta-feira, 18 de junho de 2009

Licantropia

O Capuchinho Vermelho

Interpelações embaraçosas


Há dias um amigo, muito astuto, questionou-me sobre a razão pela qual eu subintitulara um ensaio aqui inserto O Capuchinho Vermelho, invocando a corrente transmissão da forma como, na história, o lobo interpelara no bosque a menina.
Devo confessar que não esperava a questão e, como o meu amigo é muito mais astuto do que eu, que até sou um pouco lorpa, entrei em pânico, a congeminar como me haveria de sair airosamente do assunto, sem expor a minha cretinice.
Eis a resposta:
Desde criança, quando ouvi pelas primeiras vezes a história do Capuchinho Vermelho, havia sempre uma interrogação a que não conseguia responder. Porque razão o lobo, surpreendendo a menina só e indefesa no bosque, não a tinha comido logo ali?
Só havia uma explicação: estava faminto. Matreiro, logo pensou, quando ouviu a leviana e ingénua resposta, que podia encher a pança não só com a menina, mas também com a sua avó.
Ora, fora a desatenta resposta da menina que induzira o lobo na congeminação do plano para satisfazer a gula.
Se não fora essa a explicação, pensei mais tarde, quando já me despontava nos queixos a barba, só havia outra. Tratava-se de uma subtil metáfora tomando como tópico a licantropia. Ali, na fábula, eram todos licantropos, o próprio, a avó e a menina.
Tratava-se então de medica res, no primitivo e subtil estádio da fábula.
E então o meu amigo, ou Vossemecê, que decifre o resto.

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